É comum ouvir que, para garantir uma boa saúde do seu corpo, você também precisa estar atento a sua saúde bucal. Com o avanço da medicina, essa afirmação se prova cada vez mais. Uma vertente da odontologia pode ser uma comprovação desta afirmação. Para a odontologia neurofocal, também conhecida como terapia neural, os dentes estão diretamente ligados aos órgãos do corpo humano, o que explicaria o desenvolvimento de diversas doenças no organismo.
Um dos defensores desta tese é o cirurgião dentista Augusto Cezar Moreira Tralli, que em entrevista (assista abaixo) em meu canal, Fernando Beteti – Repórter Saúde, explicou quais dos principais dentes têm relação com determinadas partes do corpo e como o desequilíbrio da saúde bucal pode acarretar em outras doenças.
Assista a entrevista na íntegra
Segundo Tralli, a percepção de que a arcada dentária estaria ligada ao restante do corpo de um indivíduo ocorreu na década de 1970. Os principais estudos foram conduzidos por um médico acupunturista e um dentista clínico geral.
“[Eles] ficaram dez anos testando a relação dos dentes com órgãos meridianos. Mas como faziam isso? Há quem diga que é invenção, algo místico ou metafísico. É uma ciência. O dentista removia uma carne do incisivo central superior e o acupunturista ficava medindo os meridianos, a amperagem dos meridianos, e ele percebia, então, que quando o dentista fazia aquela agressão no dente incisivo, o meridiano do rim e da bexiga alterava a amperagem. Então, eles conseguiram mapear essa relação entre dentes, órgãos e sistemas do corpo humano. Isso é fundamental. É a base do nosso trabalho” explicou o profissional.
De acordo com Tralli, alguns dos principais dentes da arcada têm funções muito específicas. O canino, por exemplo, é um dos dentes ligados aos olhos, ao fígado, a algumas vértebras e aos joelhos. “Eventualmente, você está com um problema nesse dente e é muito comum você pode apresentar uma dor no joelho. Você identificando o problema naquele dente, uma vez eliminado esse problema, os sintomas desaparecem”, afirmou.
Além das comuns infecções, o desenvolvimento da arcada dentária e o bruxismo são outros dois fatores ligados à dentição que podem desencadear problemas de saúde. Sintomas esses, principalmente, relacionados à coluna, de acordo com o profissional. “O bruxismo, que é o ato de apertar ou ranger [os dentes], tem muito a ver com a falta de crescimento bucal. Uma vez esse crescimento não se dando 100%, os dentes não cabem nas arcadas, pressionando a língua. Língua mal posicionada, favorece o bruxismo [o que pode causar] dores de coluna, dor de cabeça, zumbido no ouvido, vertigem”, exemplificou.
O cirurgião dentista ainda ressaltou o fato de que todos os dentes estão conectados a algumas vértebras. Então, caso haja um problema pontual, em um único dente, há a possibilidade de a pessoa desenvolver uma dor na coluna – que em muitos casos pode parecer sem explicação óbvia.
Ainda na lista dos principais dentes está o o siso, que, segundo Tralli, é um dente ligado ao cérebro e ao coração. Conforme destacou o especialista, diferentemente do que pensam muitos profissionais, nem sempre a remoção desse dente é o mais indicado. Para ele, esse medida deve ser tomada apenas quando há fatores que indiquem sérios riscos a toda a arcada dentária ou aos órgãos aos quais o dente está ligado.
Confira, abaixo, mapas que mostram a quais órgãos do corpo cada dente está relacionado:
Para Tralli, provou-se cientificamente e é possível perceber na prática a teoria que embasa a odontologia neurofocal. Contudo, como fica esta relação entre dentes e órgãos em casos de remoção da dentição natural e de um possível implante posteriormente. O órgão perde o estímulo? Segundo o dentista, sim.
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No entanto, em casos de implantes, há outras variáveis que precisam de maior atenção. Na maioria das vezes, o implante que o paciente recebe é do tipo metálico, o mais comum e mais utilizado em grande parte dos tratamentos. Essa, para o especialista, não é a melhor saída.
De acordo com Tralli, a melhor das opções, atualmente, é substituir o implante metálico por um de cerâmica. “Eles são mais biocompatíveis do que os implantes metálicos. Então, você não precisa usar metal na sua boca. Já existem alguns trabalhos mostrando a possibilidade de oxidação do implante de titânio. O metal conduz energia elétrica, então ele está sempre oxidando e ele libera metal no seu osso. A cerâmica não transmite corrente elétrica, portanto não vai oxidar quando colocada no osso”, explicou.
De acordo com ele, existem estudos que mostram que algumas pessoas podem apresentar incompatibilidade com metal, especialmente com o titânio. Nesses casos, já observou-se que, quando removido o implante metálico, houve melhora significativa na saúde do paciente.
Crédito da foto da capa: Freepik
Não achei o mapa que liga os dentes aos orgãos