Um recente estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) indica uma ligação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e sintomas de depressão. Essa pesquisa, que tem monitorado os padrões alimentares da população brasileira desde 2020, é conduzida pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP.
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Analisando dados de quase 16 mil adultos inicialmente sem histórico de depressão, os pesquisadores descobriram que aqueles cuja dieta consistia em quase dois quintos de alimentos ultraprocessados apresentavam um aumento de 42% no risco de desenvolver quadros depressivos. Esses dados foram coletados por meio de questionários online aplicados semestralmente, nos quais os participantes forneciam informações sobre sua alimentação e estado de saúde.
O Nupens observou que, em média, os alimentos ultraprocessados representam cerca de 20% da ingestão diária de energia dos brasileiros. No entanto, nos grupos que adotavam uma alimentação mais saudável, essa proporção média era significativamente menor, em torno de 7%.
Os alimentos ultraprocessados são geralmente fabricados a partir de ingredientes de baixo custo, derivados de alimentos naturais, aos quais são adicionados conservantes, corantes e aromatizantes. Esses produtos são atrativos devido à sua acessibilidade, durabilidade e sabor aprimorado, o que os torna populares entre indivíduos com menor renda e nível educacional.
Entretanto, esses alimentos são frequentemente associados a uma baixa qualidade nutricional, sendo ricos em açúcares adicionados, sódio e gorduras. Esses componentes podem contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde mental.
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Há evidências de que os aditivos químicos presentes nos alimentos ultraprocessados possam afetar a microbiota intestinal, causando desequilíbrios na absorção de nutrientes e, consequentemente, influenciando negativamente a saúde mental.
O que são alimentos ultraprocessados?
Alimentos ultraprocessados são aqueles que passam por várias etapas de processamento industrial, geralmente contendo adição de ingredientes como conservantes, corantes, aromatizantes e outras substâncias químicas. Aqui estão alguns exemplos comuns de alimentos ultraprocessados:
- Refrigerantes e bebidas açucaradas: Refrigerantes, energéticos, sucos de caixinha e outras bebidas com alto teor de açúcar adicionado são exemplos clássicos de alimentos ultraprocessados.
- Salgadinhos e snacks industrializados: Batatas fritas, salgadinhos de milho, bolachas recheadas, e outros petiscos embalados são geralmente ultraprocessados e têm baixo valor nutricional.
- Fast food: Hamburgueres, pizzas congeladas, nuggets de frango e outras opções de fast food são altamente processados e ricos em gorduras trans, sódio e aditivos.
- Produtos de panificação industrializados: Pães industrializados, bolos prontos, biscoitos e outras guloseimas de padaria embaladas costumam conter uma lista extensa de ingredientes artificiais.
- Pratos prontos congelados: Refeições prontas congeladas, como lasanhas, pizzas e pratos pré-cozidos, geralmente contêm altos níveis de sódio, gorduras saturadas e aditivos.
- Cereais matinais açucarados: Muitos cereais matinais comercializados como “saudáveis” são, na verdade, carregados de açúcar e outros aditivos.
- Molhos e temperos industrializados: Molhos para salada, molhos de tomate prontos, temperos em pó e cubos de caldo são exemplos de produtos ultraprocessados que podem conter quantidades elevadas de sódio, açúcares e gorduras saturadas.
- Alimentos enlatados e pré-cozidos: Sopas enlatadas, vegetais pré-cozidos embalados, e outros alimentos enlatados podem conter aditivos e conservantes para prolongar sua vida útil.