Autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia ao redor do mundo têm reiterado a preocupação de que o vírus da gripe aviária, especialmente o H5N1, possa desencadear a próxima pandemia.
Durante uma coletiva de imprensa realizada no mês passado, o cientista-chefe da OMS, Jeremy Farrar, ressaltou que o monitoramento dos casos de gripe aviária está sendo intensificado devido ao aumento do número de mamíferos afetados pelo vírus.
“A grande preocupação reside na possibilidade de esse vírus adquirir a capacidade de transmissão entre humanos. Devemos nos preparar e garantir que, se o H5N1 adquirir essa capacidade, estejamos prontos para responder imediatamente, com acesso equitativo a vacinas eficazes”, aconselhou Farrar.
- Receba os conteúdos de Fernando Beteti pelo WhatsApp
- Receba os conteúdos de Fernando Beteti pelo Telegram
O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, também já foi a público e expressou preocupação com a disseminação da gripe aviária. “Os casos em humanos ainda são incidentais, limitados principalmente àqueles que trabalham diretamente com aves e acabam se contaminando, mas é crucial intensificar a vigilância e preparar-se para combater essa eventualidade”, afirmou.
Qual doença vai provocar a próxima pandemia?
Um estudo conduzido por cientistas europeus revelou que 57% dos infectologistas acreditam que um vírus da gripe, como o H5N1, será responsável pela próxima pandemia
A pesquisa consultou 187 infectologistas de instituições de saúde em 57 países diferentes. Entre outras preocupações apontadas, 21% mencionaram uma doença desconhecida como a principal preocupação, enquanto 8% indicaram um novo coronavírus. Outras respostas incluíram o vírus da febre hemorrágica da Crimeia-Congo, o Ebola, o Nipah e o vírus da febre do Vale do Rift.
O diretor da Opas, Jarbas Barbosa,enfatizou que a transmissão entre espécies é resultado das mudanças climáticas e da expansão das áreas ocupadas pela humanidade em territórios anteriormente habitados pela vida selvagem. “Esse contato frequente e as alterações decorrentes do nosso impacto ambiental estão ampliando essas possibilidades”, observou.
Cepa mortal
A cepa altamente patogênica do vírus da influenza, conhecida como H5N1 (HPAI H5N1), também chamada de gripe aviária, tem dizimado milhões de aves e um número desconhecido de mamíferos, especialmente nos últimos três anos. Originada em gansos domésticos na China em 1997, essa cepa rapidamente se disseminou para os seres humanos no Sudeste Asiático, apresentando uma taxa de mortalidade de cerca de 40-50%.