O Prêmio Nobel de Medicina foi concedido nesta segunda-feira (7) aos cientistas norte-americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun, por sua descoberta revolucionária do microRNA. A contribuição dos pesquisadores foi considerada essencial para compreender como os organismos se desenvolvem e funcionam, especialmente na regulação da atividade genética.
De acordo com a Assembleia do Nobel, a descoberta dos microRNAs “revela-se fundamental para a forma como os organismos se desenvolvem e funcionam”. O microRNA é uma classe de pequenas moléculas de RNA que desempenham um papel crucial na regulação dos genes, determinando quais instruções genéticas devem ser ativadas ou desativadas em diferentes tipos de células.
Nobel de Medicina: Importância da Descoberta para a Regulação Genética
Victor Ambros, atualmente professor de ciências naturais na Universidade de Massachusetts, e Gary Ruvkun, professor de genética na Faculdade de Medicina de Harvard, realizaram suas pesquisas em renomadas instituições, como o Hospital Geral de Massachusetts e a Universidade de Harvard. O secretário-geral do Comitê do Prêmio Nobel, Thomas Perlmann, destacou a importância do trabalho de ambos para a biologia molecular e genética.
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Conforme descrito pelo Comitê do Nobel, a “descoberta pioneira” revelou um novo princípio de regulação genética, essencial para organismos multicelulares, incluindo os seres humanos. Estudos recentes mostram que o genoma humano codifica mais de mil microRNAs, que desempenham funções fundamentais no desenvolvimento e funcionamento dos organismos.
Como Funciona a Regulação Genética?
“A informação armazenada nos nossos cromossomos pode ser comparada a um manual de instruções para todas as células do corpo. Todas as células contêm os mesmos cromossomos, todas as células contêm exatamente o mesmo conjunto de genes e exatamente o mesmo conjunto de instruções”, explica o Comitê do Nobel. Contudo, diferentes células, como as musculares e nervosas, possuem características distintas, e isso se deve à regulação dos genes.
Os genes, que contêm a informação genética, passam suas instruções do DNA para o RNA mensageiro (RNAm) em um processo conhecido como transcrição. O RNAm é então utilizado pelas células para produzir proteínas, seguindo as instruções armazenadas no DNA.
Na década de 1960, foi descoberto que proteínas chamadas fatores de transcrição se ligam a regiões específicas do DNA, controlando o fluxo de informação genética. No entanto, em 1993, Ambros e Ruvkun revelaram um novo nível de regulação genética com a descoberta do microRNA, que demonstrou ser um mecanismo altamente significativo e preservado ao longo da evolução.
Premiações Passadas e a História do Nobel
No ano anterior, o Prêmio Nobel de Medicina foi concedido à húngara-americana Katalin Karikó e ao norte-americano Drew Weissman, por suas descobertas que permitiram o desenvolvimento de vacinas de mRNA contra a covid-19, fundamentais no combate à pandemia.
O Prêmio Nobel de Medicina já foi atribuído 114 vezes, reconhecendo 227 laureados por suas contribuições à ciência e à saúde. Criado pelo químico sueco Alfred Nobel, inventor da dinamite, o prêmio foi concedido pela primeira vez em 1901, tornando-se uma das mais prestigiadas honrarias científicas do mundo.