Susan veio ao mundo para fazer diferença. Já bebezinha, chamava a atenção por onde passava. Seu sorriso era fácil, bastava olhar para ela que ele se abria. O interessante era que ela sorria com os olhos também. Seus olhinhos, de maneira harmoniosa, se encontravam com a boquinha.
Hoje, depois de todo esse tempo, começo a entender que realmente as meninas são mais apegadas ao pai, que é o primeiro príncipe delas, o herói.
Quando eu chegava em casa, ela reconhecia o barulho do carro e saía gritando: “Papai chegô”. Assim que começou a falar, eu dizia para ela: “SUSAN, SUSAN do papai”.
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Hoje me dói pensar que não vou ensiná-la a andar de bicicleta, nem levá-la e buscá-la na escola, nem vê-la se interessando pelo primeiro namoradinho, nem entrar com ela no casamento. Coisas simples que um pai sonha em fazer com a filha.
Ela não estava doente, nem tinha algum problema de saúde, mas se foi drasticamente, repentinamente. Foi levada de mim abruptamente através de uma forma de óbito tão horrível que chega a ser usada para torturas: o afogamento infantil.
Eu, como pai, estou aqui hoje para conversar sério com você sobre esse assunto, que muitas vezes é tratado como um tabu.
Afogamento
A Flórida é o estado continental com o maior número de mortes por afogamento, sendo muitas vezes 50% maior do que a média dos outros estados, perdendo apenas para o Alasca e o Havaí.
Para se ter uma ideia, o Florida Department of Health fez uma estimativa dentro de um período de quatro anos e, na última estatística (2018-2022), foram registradas 2.640 mortes por afogamento infantil somente entre crianças de 1 a 4 anos.
Lembrando que o número de afogamentos é bem maior do que isso, pois aqui só se conta o número de mortes. Estão de fora os casos de sobreviventes, muitos com sequelas graves e permanentes.
Porém, há uma falha nesse sistema, pois minha filha não entrou para essa estatística de afogamento. Ela sobreviveu por 14 horas e, quando veio a falecer, em seu atestado de óbito não constou afogamento, mas sim hipóxia e falência dos órgãos. Ou seja, existem crianças que sobrevivem por dias e, quando não resistem, a causa registrada no óbito é outra. Sendo assim, os números reais são bem maiores do que se noticia.
A Flórida tem centenas de piscinas por milha, além de lagos, rios, pântanos e o mar ao seu redor. Os números são alarmantes. Eu, como pai que perdeu uma filha para essa estatística, não aceitei e não tive paz enquanto não fizesse algo a respeito.
Entrei de cabeça nesse submundo do afogamento infantil e descobri o quão imensos são os números.
Criei o Projeto Susan Forever e tenho viajado pelos Estados Unidos, Brasil, Israel, Grécia e Espanha para falar sobre esse tema, que é a primeira causa de óbito entre crianças de 1 a 4 anos.
E o pior: é uma tragédia praticamente 100% evitável.
Se você abrir a mente agora, sua casa e sua família estarão blindadas contra esse mal que ceifa tantas vidas inocentes precocemente.
São medidas simples, mas que não podem ser ignoradas enquanto as crianças estão na água.
5 Medidas Para Evitar o Afogamento Infantil
Lembre-se: O afogamento infantil é muito rápido (acontece em 10 a 20 segundos), silencioso (as crianças não se debatem) e, na maioria das vezes, fatal.
- Supervisão ininterrupta ao alcance do braço
- Cerque sua piscina com grades, portões de fechamento automático e sensores
- Nunca delegue a responsabilidade de vigiar seu filho a alguém incapaz, alcoolizado ou a outra criança
- Muitas tragédias ocorrem porque um adulto pensa que o outro está cuidando, e no fim ninguém está olhando.
- Esqueça o celular quando a criança estiver na água
- O uso de celulares e redes sociais tem sido uma grande causa de distração dos pais, aumentando os casos de afogamento.
- Coloque seu filho na natação o quanto antes
- Existem escolas na Flórida que aceitam até recém-nascidos. Uma criança que sabe nadar tem 80% mais chances de sobrevivência.
Estou à disposição se quiser que eu faça uma palestra na sua cidade ou igreja. Se salvarmos uma vida, já terá valido a pena.
Meu testemunho não é triste, pois transformei meu luto em luta. Mostro que é possível mudar a história, mesmo diante da dor.
Perder um filho é o auge do sofrimento, mas, com a força de Deus, podemos transformar o mal em bem.
Hoje, minha filha, Susan, dá nome a duas leis que já estão em vigor no Brasil (uma delas está em fase final de aprovação).
📌 Instagram: @susanforever.br
✍ Por Alex Ferrarini Delgado
😢 Transformou seu LUTO em LUTA.
SINTO SAUDADES DA SUSAN(passei a amá-la só por sua referencia a ela: “Susan de papai” .
Que Deus o fortaleça grandemente!