Uma síndrome tem chamado a atenção de muita gente. Trata-se da alotriofagia, popularmente conhecida como “síndrome de pica“. Na prática, ela refere-se ao desejo incontrolável de ingerir qualquer coisa não comestível. Por exemplo: grama, terra, sujeira, cabelo, sabão e, até mesmo, fezes.
O que é?
De acordo com especialistas em Neurociência geralmente a Síndrome de Pica se manifesta com sintomas constantes e um quadro clínico compulsivo e pode ser decorrente de diferentes contextos. Sendo assim, destacam-se o estresse, ansiedade e anemia. Outra causa é a carência de eletrólitos no sangue, que são os minerais (ferro, zinco, cálcio, etc.). Além disso, o transtorno é bastante frequente em grávidas.
Conforme divulgado pelo portal O Tempo, Guízar Sánchez, do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina do México, explica que uma das principais causas da Síndrome de Pica é a deficiência de ferro.
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“Existem pacientes com anemia que consomem giz, gesso ou sal, o que também ocorre em pessoas com forte deficiência de zinco e cálcio. Já em gestantes, o transtorno é comum devido ao desequilíbrio de cálcio e ferro, o que provoca uma maior demanda nutricional para o feto. Além disso, as mulheres costumam ingerir gelo, para evitar enjoos, e outras substâncias, para aliviar a gastrite e o refluxo”, esclarece Sánchez.
Além disso, qualquer pessoa está sujeira a desenvolver a síndrome. Entretanto, existem situações e grupos mais suscetíveis. Por exemplo:
- Crianças pequenas;
- Grávidas;
- Pessoas com transtornos psiquiátricos;
- Estresse excessivo;
- Desnutrição ou fome.
Outras causas
- Constipação;
- Ascaridíase (infecção por lombriga);
- Ritmos cardíacos irregulares (arritmias);
- Envenenamento por chumbo;
- Obstrução/bloqueio do intestino delgado e do intestino grosso.
Como diagnosticar?
A principal pista é apresentar vontade compulsiva e persistente de consumir coisas que não são consideradas alimentos ou não têm benefício nutricional. Da mesma forma, é possível identificar o transtorno por meio de exames de urina e fezes e testes de imagem, como raios-X e ressonância magnética (RM).
O diagnóstico pode ser feito, também, por meio do eletrocardiograma (ECG ou EKG), que identifica desequilíbrios eletrolíticos ou infecções parasitárias, alguns dos fatores causadores do distúrbio.
O que pessoas com Síndrome de Pica podem querer comer?
- Cinzas;
- Giz;
- Carvão;
- Terra;
- Fezes;
- Cabelo;
- Gelo;
- Lascas de tinta;
- Papel;
- Alimentos para animais de estimação;
- Sabão;
- Pano.
Tratamentos
Para tratar a Síndrome de Pica, alguns métodos podem ajudar as vítimas do transtorno a superarem as compulsões. Sendo assim, são procedimentos psicológicos que, acompanhados por um profissional qualificado, podem apresentar um efeito positivo na vida de quem sofre com a síndrome:
- Terapia aversiva leve – método menos intensivo que ensina as pessoas a evitarem itens não comestíveis e incentiva o consumo alimentar saudável;
- Terapia comportamental – processo que utiliza de mecanismos e estratégias de enfrentamento para ajudar as vítimas a melhorarem seu comportamento;
- Reforço diferencial – as pessoas aprendem a evitar os comportamentos compulsivos por meio da concentração em outras atividades.
Por que tem esse nome?
- Raízes Latinas:
- A palavra “Pica” vem do latim e refere-se ao pássaro conhecido como pega (ou pica-pica), especificamente a “Pica pica”, um membro da família dos corvos. Esse pássaro é conhecido por sua curiosidade e pelo comportamento de pegar e ingerir uma variedade de objetos, incluindo aqueles que não são comestíveis .
- A pega tem a reputação de ser um animal que coleta e ingere itens variados, muitas vezes incomuns e não alimentares, comportamento que se assemelha ao de indivíduos com a síndrome de Pica .
- Comportamento Associado:
- A escolha desse nome para a condição médica reflete a similaridade entre o comportamento do pássaro e os sintomas do distúrbio. Assim como a pega, que tem um apetite curioso e diversificado, as pessoas com Pica apresentam o desejo de consumir itens não alimentares .