Estudos mostram que metade das pessoas infectadas pela Covid-19 sofrem com sintomas da doença, mesmo após se recuperarem da fase aguda da infecção. São várias as sequelas observadas, que vão desde a queda de cabelo, até o desenvolvimento de miocardite (que é a inflamação da camada média do músculo cardíaco, o conhecido miocárdio). Sam Silva é farmacêutico, empresário da área da saúde e professor adjunto na Universidade da Georgia em Atlanta. Em entrevista ao canal de Fernando Beteti, no YouTube, ele explica os motivos das sequelas e sintomas pós-covid.
“Uma coisa é a carga viral e outra coisa são as sequelas dessa carga viral, que são os sinais inflamatórios. Portanto, uma coisa é o espinho estar no pezinho da sua criança, a farpa tá na mãozinha do seu filho e você tirar aquela farpa. Você tirou a farpa, mas a inflamação permanece. Ou seja, nesse caso específico do SARS-CoV-2, nós observamos sequelas que perduraram, que persistiram, que continuaram. Então, o vírus foi embora, mas o quadro inflamatório continuou”, diz Sam Silva, destacando os problemas apresentados.
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“A distribuição de sequelas é gigantesca. Muitas pessoas estão apresentando uma dificuldade no trato gastrointestinal. Observamos pessoas que têm apresentado dificuldade na digestão, pessoas com dificuldade na concentração. (…) Nós temos tido problemas com miocardite, que é muito sério, isso é algo que realmente precisa prestar atenção. Assim como muitos relatam problema com sistema nervoso central, seja com a perda de concentração, seja com a depressão. (…) Também tem muita gente aparecendo com algum problema no sistema reprodutivo. Mulheres apresentando problemas e dificuldades, mudança no ciclo menstrual”, completou
De acordo com Sam Silva, com a pandemia, o eflúvio telógeno, uma das causas mais comuns de queda de cabelo, também se tornou mais frequente. Estima-se que uma em cada quadro pessoas infectadas sofra com o problema. “A queda do cabelo é uma manifestação de um processo inflamatório”, pontua.
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Mais sequelas
Metade das pessoas diagnosticadas com covid-19 apresentam sequelas que podem perdurar por mais de um ano, revela estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Minas. Pesquisadores da instituição identificaram 23 sintomas após o término da infecção aguda.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. O estudo acompanhou durante 14 meses, 646 pacientes que tiveram a infecção em 2020 e 2021 e verificou que 324 deles (50,2%) tiveram sintomas pós-infecção, caracterizando a chamada Covid longa.
A fadiga, que é caracterizada por cansaço extremo e dificuldade para realizar atividades rotineiras, foi relatada por 115 pessoas, ou seja, 35,6% dos pacientes acompanhados. Além disso, outras sequelas relatadas foram tosse persistente (34%), dificuldade para respirar (26,5%), perda do olfato ou paladar (20,1%), dores de cabeça frequentes (17,3%), insônia (8%), ansiedade (7,1%), e trombose (6,2%).