O Brasil agora conta com uma data oficial dedicada à conscientização sobre um dos acidentes mais trágicos — e evitáveis — da infância: o afogamento. Nesta segunda-feira, 14 de abril, foi celebrado Dia Nacional de Prevenção ao Afogamento Infantil, instituído pela Lei 14.936/24, representando uma conquista significativa na luta pela proteção da vida das crianças.
A data homenageia Susan Delgado, que perdeu a vida aos dois anos de idade após um acidente dentro da própria casa. O episódio transformou completamente a vida de seu pai, Alex Delgado, que decidiu canalizar a dor da perda em uma missão de alerta e educação. Assim nasceu o projeto Susan Forever, uma campanha permanente que promove ações educativas sobre os perigos do afogamento infantil.
Na ocasião do acidente, Alex não estava em casa. A mãe de Susan procurou a filha por todos os cômodos, inclusive nos armários onde ela costumava se esconder. No entanto, a menina foi encontrada já desacordada na piscina. Apesar do socorro imediato, Susan não resistiu e faleceu 14 horas depois no hospital.
Desde então, Alex tem se dedicado a mudar essa realidade, levando informação e promovendo a prevenção como ferramenta principal para salvar vidas.
Segundo o Boletim Epidemiológico de Afogamentos no Brasil, divulgado pela Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), o afogamento é a principal causa de morte entre crianças de 1 a 4 anos no país. Alarmante ainda é o fato de que metade desses casos ocorre dentro de casa.
Os números são contundentes: a cada três dias, uma criança morre afogada no Brasil. No total, são 15 mortes por afogamento por dia no país, evidenciando a urgência de ações concretas de prevenção.
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Alex alerta para um problema ainda mais preocupante: muitas dessas mortes não são corretamente registradas. “Em muitos casos, o afogamento aparece no atestado de óbito como ‘acidente doméstico’ ou, no caso da Susan, como ‘hipóxia’, que é a ausência de oxigênio suficiente nos tecidos para manter as funções corporais”, explica.
Ele ressalta que o afogamento é imprevisível e pode acontecer até em pequenas quantidades de água. “A prevenção é o único caminho. O afogamento é rápido, silencioso e pode acontecer em qualquer lugar — até em poucos centímetros de água. Mas também é 100% evitável com informação e vigilância”, afirma Alex Delgado.
Os 10 mandamentos da prevenção: medidas simples que salvam vidas
Como parte das ações da campanha Susan Forever, foi criada uma lista com 10 mandamentos da prevenção, orientações práticas e fundamentais para pais, responsáveis e educadores. Confira:
- Supervisione o tempo todo. Nunca deixe uma criança sozinha perto da água, nem por alguns segundos.
- Dificulte o acesso. Instale cercas, portões de fechamento automático, alarmes e câmeras em áreas com piscinas.
- Ensine a nadar. Aulas desde bebê ajudam na autonomia e segurança em ambientes aquáticos.
- Esqueça o celular. A atenção deve ser 100% voltada para a criança quando ela estiver na água.
- Boia certa faz diferença. Opte por boias de vestir, que oferecem mais estabilidade e segurança.
- Piscina segura. Use ralos antissucção e mantenha a manutenção sempre em dia.
- Uma criança não vigia outra. A supervisão deve ser feita por um adulto capacitado.
- Nada substitui o olhar atento. Não confie apenas em dispositivos de segurança.
- Curso de primeiros socorros. Todos os adultos da casa devem estar preparados para agir rapidamente.
- Cuidado em casa. Esvazie banheiras e baldes, tampe vasos sanitários e poços, e proteja bueiros e caixas d’água.