Sentir-se cansado após um dia cheio é normal. Mas quando o cansaço se torna intenso, duradouro e começa a interferir nas atividades do dia a dia, pode ser sinal de alerta. Em casos assim, é possível até obter um atestado médico com o CID R53 – código que corresponde a mal-estar e fadiga na Classificação Internacional de Doenças. Sim, o atestado por cansaço existe e pode justificar um afastamento do trabalho.
O corpo humano costuma dar sinais claros de que precisa de descanso: sensação de fadiga, fraqueza muscular, falta de energia, dificuldade para dormir ou, em alguns casos, sono excessivo. Na maioria das vezes, basta uma pausa, uma boa noite de sono ou mudanças na rotina para que o bem-estar seja restabelecido. No entanto, há situações em que o cansaço vai além da exaustão comum.
Quando o cansaço vira problema de saúde
O chamado cansaço extremo, ou fadiga crônica, preocupa justamente por ser persistente, sem causa aparente, e por vir acompanhado de outros sintomas como tristeza, desânimo, febre ou alterações de humor. Ele pode ter diversas origens, desde doenças físicas – como anemia, hipotireoidismo, diabetes ou carência de nutrientes – até condições emocionais, como ansiedade ou depressão.
A fadiga crônica é caracterizada por um esgotamento desproporcional que afeta tanto o corpo quanto a mente. Diferente do cansaço passageiro, esse tipo de fadiga impacta diretamente a capacidade de uma pessoa exercer suas atividades diárias, especialmente no ambiente de trabalho.
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Sinais de alerta: quando procurar ajuda médica
Para avaliar se o cansaço merece atenção médica, alguns sinais devem ser observados:
- O cansaço persiste por vários dias ou semanas.
- Há dificuldade para realizar tarefas simples.
- O sono não é reparador, mesmo dormindo mais do que o habitual.
- Surgem sintomas como tristeza profunda, ansiedade ou perda de interesse.
- Há histórico de doenças crônicas ou uso de medicamentos contínuos.
Nesses casos, é importante procurar um médico, geralmente um clínico geral, que poderá solicitar exames ou encaminhar para especialistas, como psiquiatras ou endocrinologistas.
Cansaço no trabalho: um problema real
Muitas vezes, o cansaço extremo tem origem no próprio ambiente de trabalho. Excesso de cobranças, pressão por resultados, jornadas longas e até assédio moral podem levar ao esgotamento físico e mental. Nesses casos, o afastamento com atestado médico pode ser necessário.
Apesar de o CID não ser obrigatório no atestado, ele pode ser incluído se o trabalhador permitir. Em qualquer situação, a empresa deve aceitar o documento e respeitar o período de afastamento recomendado pelo médico.
O que a empresa deve fazer
Ao receber um atestado por fadiga ou cansaço extremo, é dever da empresa aceitá-lo e observar sua política interna de saúde ocupacional. Casos frequentes podem indicar um ambiente de trabalho tóxico ou uma gestão inadequada, fatores que podem levar a quadros como burnout – a síndrome do esgotamento profissional.
Empresas que negligenciam esses sinais correm o risco de enfrentar altos índices de afastamento por motivos psicológicos, prejudicando a produtividade e o bem-estar coletivo.
Atestado falso é crime
Por outro lado, se houver indícios de fraude no atestado, como rasuras ou inconsistências, a empresa tem o direito de solicitar esclarecimentos junto ao médico responsável. Falsificar um atestado médico é crime e pode resultar em demissão por justa causa, além de consequências legais.